sexta-feira, abril 10, 2015

Mortes lentas

Chegará o dia em que simplesmente já não sinto nada, já não existe nada.
Em que no teu lugar e das tuas palavras já não espero haver nada.
Chegará o dia em que já não preciso que o barulho dos dias e das pessoas me absorva a dor; em que o silêncio das noites já não me dilacerará por dentro.
Chegará a noite em que poderei voltar a dormir 8 horas descansadamente.
Em que não vou mais acordar com o coração descompassado. Em que não vou mais esperar por ti. Procurar por ti. Querer saber de ti.
Um dia destes acordo e já não me lembro de ti. Não saberei sequer quem és; e indago agora se algum dia soube.
É quando já não esperamos nada das pessoas que elas morrem no nosso coração... E eu lamento que tenhas provocado esta morte lenta em mim, que te leva um pouco todos os dias e que arranca, ainda assim, um pedacinho de mim.

sábado, abril 04, 2015

Outono - Inverno

Estes dias têm sido de nuvens...
Ora o Sol espreita, ora vai embora, e eu, tola, ainda tenho um resto de esperança que ele venha pra ficar.
A primavera chegou há dias, mas eu continuo a viver em outono/inverno, continuo a vestir outono/inverno... Continuo a sentir outono/inverno.
São ainda mais os dias de chuva no telhado e nos olhos, do que os de Sol. E tu pequena, tens sido o meu arco-íris.
Tens sido um rasgo de luz... A minha consciência.
Não sei se eles sabem a sorte que têm... É impossível saberem...
Creio que não sabem que a milhares de kms, do outro lado do mundo e da água e a meio sol, tem alguém que cuida, que se preocupa, que os adora incondicionalmente.
Creio que não sabem.
Não sonham que engolimos a seco cada silêncio que nos queima garganta abaixo.
Não sabem que a felicidade e bem estar deles é tão importante para nós como o ar que eles respiram. Tomara que soubessem.
Não sabem como choramos cada murro no estômago. Porque sim, nós também choramos.
Porém, aposto que nunca se esquecem que temos sempre os braços abertos, que nunca dizemos "não", que nunca lhes vamos falhar mesmo quando não pudermos. Que somos os possíveis dentro dos impossíveis.
Aposto que sabem que entre nós e eles não há barreiras, pelo menos de nossa parte...
Aposto que nos têm dadas como certas. E isso é tão certo como odiarmos o facto de não os conseguirmos odiar.
Tão certo como o Sol amanhã voltar a nascer...
Certo, como vivermos todos debaixo do mesmo céu...
E sabes que mais pequena?... O nosso coração é demasiado grande... Vai sempre ter espaço para mais um outono... e um inverno.