quinta-feira, maio 16, 2013

Aborto de Alma.


Nunca escondi de ninguém que sou a favor do aborto.
Sempre fui a favor de poupar o culto da dor aos condenados... 
Mas já pensaste, nem só numa placenta se geram vidas... Amores.
Quantas já não viram crescer vidas em si...? 
Amores...
Quantos saudáveis? Quantos, nem tanto? 
Quantos já não se arrependeram de o terem feito?
Quantos já não desejaram matá-lo?
Hoje, sou eu.
Estaria capaz de arrancar a ferros... 
Estaria capaz de fazer um aborto ao meu coração.
Nem sempre as crianças são perfeitas, porque é que o que saí do coração seria? 
Será dos genes? 
Não... 
É "filho" de um orgão imperfeito... Com vontade própria. 
Talvez do carácter mais teimoso que eu conheço...
Sei que nada se faz sozinho, mas neste caso, a minha vontade, e apenas a minha, matava-te... Dentro do meu coração.
Nunca desejei que nascesses dentro de mim... Não és desejado...
Já te fiz o funeral mil vezes na minha mente. 
E apesar de já ter perdido a conta às semanas em que te vais apoderando e crescendo dentro dele, dentro de mim, continuo a querer que pares de crescer... 
Melhor seria que "morresses" já... 
Quanto mais tarde... Pior será a minha dor.
Há seres que tiram cálcio, que enfraquecem cabelos... 
Tu tiras-me o discernimento... Roubas-me a Razão.
Porque de alguma forma, continuas a fazer-te sentir... 
Dás-me pontapés no coração, na alma... Lembras-me a cada hora que estás aí.
E como há mães que rejeitam bebés, também eu te rejeito...
...
Com medo que um dia te aceite...
Que te queira ver...
E o pior... Que aprenda a gostar de ti. 

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