terça-feira, agosto 13, 2013

Ruínas

Hoje passei e já não estavas... 
Já sabia que não estavas mas não consegui deixar de sentir o aperto.
Talvez por não saber onde estavas. 
Não, tenho quase a certeza que sei. Mas talvez por não saber como estavas.
Acho que prefiro não saber. Mas não consigo deixar de me importar.
Foste embora...
Tu, que um dia tiveste tudo...
Tiveste um castelo, o teu castelo. Que um dia foi meu também.
Levaste-o à ruína. Quase me levaste também...
Mas ergueste uma pequena casa... E se Lar é onde o nosso coração está, desculpa, mas só posso chamar a essas paredes e telhados de casa.
Agora nem casa tens.
Arruinaste outra...
E agora onde estás?
Creio que entre uns blocos de cimento, uma porta e uma janela que um dia construímos enquanto tínhamos o castelo...
Aquilo que eram os arrumos hoje é o teu albergue.
Quanto tempo precisas até o arruinares também? 
Até acabares de te arruinar?
Tenho medo da degradação que trazes contigo, da devastação que espalhas onde passas... 
Do que absorves de quem te rodeia.
Da forma como estás tao arruinadamente só.
Eu estive aqui, aí, contigo, sempre... Demasiado tempo.
Mas agora é tarde. O comboio partiu, e tu não saltaste a tempo.
O barco afundou e levou-te com ele...
O nosso castelo incendiou-se e tu deixaste que ardesse. 
Deixaste que me queimasse, te queimasse... 
Deixaste que ruísse. 
Deixaste. 
E hoje sou eu que te deixo...
Boa sorte.