quarta-feira, julho 15, 2015

Dentro da carapaça...

Dos animais, tenho para mim que sou daqueles com carapaça.
Como uma tartaruga. Frágil dentro da sua armadura.
Parto de carapaça às costas e com a cautela necessária, caminho devagar, pondo pé firme se sinto que posso. Passo a passo, na minha estrada, aprecio a vida e o que a rodeia a um ritmo que não acompanha a velocidade das minhas vontades, a grandeza dos meus sonhos.
Embarco em viagens, umas vezes no rumo certo, outras em contra-mão.
Encolho-me quando me pegam pela carapaça, com medo de cair. Nunca sabemos onde a vida nos pode pousar.
Será que as tartarugas sabem?
Quando na "sua praia" conseguem nadar velozmente. E eu, que nem sei nadar, sei que tenho uma tartaruga ninja em mim.

Tenho em mim também parte de um caracol, que onde quer que vá leva a casa às costas. Dizem que no fim de contas, casa é onde o coração está. Gosto de pensar que o tenho comigo, umas vezes no peito, outras... Sei lá.
Será que os caracóis também carregam o coração às costas?
Além dos que faço no cabelo, naturalmente ou porque os enrolo, gosto de caracóis.
A vida é tão melhor quando nos enrolamos. Quando abraçamos os sonhos com alma, as pessoas, quando nos entrelaçamos nas coisas, com o coração. Quando nos "babamos" de mimo. Quando deixamos os outros "babados".
E se eu fosse um caracol, andaria sempre com "corninhos ao sol". À chuva também. A vida é tão melhor fora da carapaça, sabiam caracóis?

Tenho também em mim um ouriço-cacheiro, que de sua natureza, não picam por ataque, apenas por defesa.
Pico por brincadeira, e por vezes acabo picada na teia.
Pico quando me irrito, quando desconfio, quando me sinto em perigo.

E o que levo de hoje, é que entre passos lentos ou baba e ranho que choro e picos no caminho que piso, tenho debaixo da carapaça, todo o meu tesouro.