quarta-feira, julho 24, 2013

Run Lilly Run

Sabia que tinha de ir lá. Já estava marcado há três semanas.
Caminhava, em passo apressado, olhava os ponteiros e andavam ainda mais depressa do que o que conseguia acompanhar. Estava atrasada. Como sempre. 
Mas na alma, não tinha pressa. 
Pisava o chão a passos largos, em frente, e o coração puxava-me para trás.
Queria de ir. Tinha de ir. Mas não queria.
50 metros.
Tinha medo que estivesse lá. Que me visse. Que me falasse. Que lhe dissessem que me viram. 
Tão perto e... tão perto. Desejava que fosse longe.
Porta com Porta.
Tinha de passar em frente a ela. 
Não quis olhar. Passei, os meus pés não tocaram o chão. Ou nem senti.
Passei. 
Não queria olhar. Não queria ver. Não queria sequer saber se estava.
Mas se tiver de ver, que seja até ficar cega... 
Olhei.
Vi. 
Ceguei.
Estava lá. 
Em milésimos de segundo reconheci a silhueta, o olhar deturpado... A roupa até, talvez.
Milésimos de segundos e gelei.
Cheguei ao meu destino. 
Fiquei de pé, talvez 2 minutos que duraram 2 horas. 
As minhas mãos secaram, e molharam. 
Tive calor. Tive frio. 
Olhei para trás. 
Ouvi barulhos. 
Vi sombras. 
Não consegui deixar de olhar para trás. 
Ouvi vozes.
Vi pessoas. Todas elas se pareciam contigo.
Senti medo. Terror. Que me encontrasses. 
Fugi. 
O meu coração fugiu do sítio, o ar saiu dos pulmões e não regressou mais. 
Alguém que eu não via esganava-me. Senti. 
Fugi. Corri. 
Fiz outro caminho... 
Tinha lágrimas a queimarem-me os olhos, a brotarem das entranhas... 
Tive medo. Pânico. 
Não sabia que tinha medo de ti... 
Nunca tive... 
Não sei onde foi que me perdi...
Mas onde quer que eu me encontre, não te quero encontrar.

quinta-feira, julho 11, 2013

Chuva...

Tenho para mim que quando elas "apenas" caem, não conta.
É como a chuva que cai do céu, silenciosamente... Especialmente aquela morrinha, que quase somos incapazes de dizer que está a chover, porque na verdade quase nem conseguimos chamar-lhe chuva.
Apenas conta quando é daquela que bate no chão com força, aquela que cai lá fora e ouvimos da cama...
Aquela que vem acompanhada de trovoada aos soluços... E até mesmo aquela que é tão gelada que se transforma em pedras de gelo.
Também não podemos dizer que conta quando uma torneira pinga...
Ninguém enche um copo às pingas... Nem os meios cheios.
Por isso atrevo-me a dizer que estas gotas salgadas não contam... Porque não são acompanhadas de trovoadas de emoções, nem sequer tem pedras que precisem cair... 
Não fazem barulho.
Donde elas vem há silencio e não ha luz... E elas permanecem assim.
Apenas caem. 
Caem delineando rostos, deixam o seu rasto... Escrevem pelo meu rosto, e chegam às minhas mãos... Mas nada me dizem, porque descem para o vazio... Tao vazio como o sítio de onde vieram.
Podia chamar-lhe orvalho mas... Os meus olhos não são nuvens e nem os meus pés lá andam.


segunda-feira, julho 08, 2013

Quase... Quase.

I just wanna let you know...

“...It takes everything in me not to call you. 
I wish I could run to you...
And I hope you know that every time I don’t, I almost do..."

And if you are thinking that I am writting about you... I do.


quinta-feira, julho 04, 2013

Apodrecer...

"Quero apodrecer contigo". 
Ridiculamente sentido, intenso e suave. 
Hoje desenho este apodrecer quando vejo mãos, enrugadas, mas ainda assim, dadas. Como se fosse a primeira vez, o primeiro toque, na primeira semana.
Quando vejo braços, ja frágeis, que são a muleta do outro.
Quando vejo alianças que não se usam nos dedos mas que vão ficar unidas por toda a vida, e depois dela. 
Quando vejo olhos delineados com linhas de tempo, mas sem sombras, senão de carinho que olham o outro, que olham pelo outro...
Quando vejo que a idade passa, a vida muda, as pessoas mudam...
Mas os sentimentos mantém-se... Até ao último  suspiro... Até mesmo depois dos corações apodrecerem... 
Até mesmo depois de tudo se ir, e ainda se respirar o amor que eles deixaram...
Pois as memórias tornam-os eternos... E o "quero apodrecer contigo" também.