domingo, março 31, 2013

Ballerinas.

No fim da noite, quando me descalço, e tiro as minhas ballerinas de salto alto, a sobriedade abraça-me. 
Vagueio em S's até à cama que sempre me despe de devaneios e me aconchega em sonhos. 
Fico sóbria enquanto durmo.
E quando pela manhã volto a calçar as minhas sabrinas que me fazem deambular entre a realidade deturpada e os sonhos malsinados, ou o oposto, volto a sentir-me "limpa" para mais um dia em que me vou embebedar pela doce confusão dos nossos dias. 
Saio de sorriso vestido mas de óculos escuros, que ajudam a equilibrar a claridade que me impõem. Claridade obscura. Demasiada, para os meus olhos pela manhã. 
Embriago-me com as palavras abusivas, com as exclamações sarcásticas, com as reticências infindas. E volto a abraçar o meu copo da vida, onde me encontro e me perco... 
Onde com tanto que bebo... Que brindo... Que afogo... Sou eu. 

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