segunda-feira, outubro 07, 2013

Lavagem d'Alma

Ela traz o corpo cheio de marcas do dia. Sinais de cansaço, manchas de suor... Marcas da roupa já amarrotada que se cola ao corpo, parece quase parte de si mesma...
Traz em si o cansaço dos sonhos e da realidade do dia. 
Despe todas as roupas como quem se despe e despede de outra pessoa, de quem se mascarou todas as horas.
Despe o sorriso postiço, deixa no cabide o fardo que carrega, e tira as lentes da cor da sociedade... 
A água de rosas leva um resto de maquilhagem deixando o aroma real aos espinhos que ela sente.
Os seus olhos cruzam-se com os do outro lado do espelho antes de entrar na banheira.
É nesse instante em que a água tépida lhe humedece os cabelos, a pele e qualquer resto de alma, que ela se sente enfim Ela.. 
É debaixo daquele chuveiro que ela encontra o calor e o aconchego da água que abraça. Que conforta.
Despida de tudo, vestida de nada.
É aquela água que lhe limpa o corpo, que lhe leva as células mortas e atenua as mágoas.
As lágrimas do chuveiro confundem-se com as águas dos olhos, percorrem o corpo, misturam-se, e ambas terminam no chão.

Sem comentários: